Por g1:
O general Tomás Paiva, comandante do Exército, em entrevista ao jornal 'O Globo', disse que a Força cometeu um "erro coletivo" quando o general Villas-Bôas fez um post sobre impunidade às vésperas do julgamento de um recurso do presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ocasião, Villas-Bôas era comandante do Exército. O STF iria julgar um recurso de Lula e se autorizaria a prisão do petista, condenado por corrupção na Operação Lava Jato.
Sem mencionar o nome de Lula, Villas-Bôas postou: "O Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?".
Tomás Paiva, o atual comandante, foi questionado sobre esse post na entrevista a "O Globo".
"Acho que nós erramos. Não vou julgar também o comandante anterior a quem eu tenho toda a lealdade. Acho que é um erro coletivo. Não deveria ter sido publicado. Eu era chefe de gabinete e sou corresponsável por isso, apesar de ser um outro momento político. Agora, não houve pressão no Supremo. O Supremo não se pressiona. O comandante do Exército é o comandante de ontem, hoje e sempre. Então, erramos", afirmou Tomás Paiva.
Na entrevista a "O Globo", o general Tomás Paiva também foi questionado se já considera cumprida a missão, declarada por ele quando assumiu o Exército, em janeiro de 2023, de tirar a política dos quarteis.
Ele afirmou que a missão nunca está cumprida, mas está "indo bem". O general também disse que o único caminho para o Brasil ser um país moderno passa por Forças Armadas separadas da política.
"A missão nunca está concluída. Sempre está em andamento. Mas está indo bem. Nesse período, não tivemos praticamente nenhum sobressalto, de uma declaração de alguém, uma nota, nada. A política está distante dos quartéis, como tem que ser. A lógica que prevaleceu é a do cumprimento do que está previsto na Constituição. Isso está cada vez mais consolidado. Este é único caminho que temos na direção de ser um país moderno", disse.
"Estamos atuando firmemente no cumprimento da missão constitucional, no trabalho profissional e no afastamento da política. Somos uma instituição de Estado", reforçou.
Outro tema da entrevista para "O Globo" foi a investigação da participação de militares em atos golpistas. Inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) analisa as responsabilidades tanto de civis quanto de militares nos ataques que miraram a democracia.
"As investigações estão caminhando. Não podemos comentar, porque tem muitas em segredo de Justiça. São poucos militares na ativa. A maioria está na reserva. Essas investigações vão terminar, o procurador-geral da República vai analisar para ver quem tiver que ser denunciado, se vai pedir arquivamento...A Justiça vai se pronunciar sobre quem é inocente ou culpado. Depois disso, nós vamos atuar", respondeu Tomás Paiva.
Ele disse ainda que um militar que for considerado culpado pela Justiça nos ataques à democracia poderá ter punições dentro das Forças, a depender de que tipo de crime cometeu.