No centro do debate está o julgamento do que foi considerado um “erro” por parte de Lula. Mas, afinal, qual foi esse erro? Em minha perspectiva, evito falar sobre o Holocausto em respeito ao sofrimento alheio. Contudo, é inevitável sentir espanto diante da violência indiscriminada com que os líderes atuais de Israel lidam com os palestinos.

Surpreende que a administração israelense, ainda que apoiada por parte da população, não demonstre constrangimento diante das mortes de inocentes, considerando sua própria história de dor. Da mesma forma, repudiamos a agressão do Hamas e sua covardia absoluta. No entanto, é necessário retroceder até a fundação do Estado de Israel em terras também habitadas por palestinos, e ainda mais, até as origens da desordem no Oriente Médio, uma encruzilhada geográfica tão disputada. A falta de análise que embasou a síntese de Lula é evidente.

O espanto que surge, e que instiga a comparação, advém do fato de aqueles que tanto sofreram não terem desenvolvido empatia pelo sofrimento alheio. Esta constatação nos assombra frequentemente: vítimas que se tornam algozes ao alcançarem o poder, libertários que suprimem a liberdade quando ascendem ao mesmo poder. A declaração solitária de Lula pode ser difícil de aceitar, mas expressa um profundo assombro com a insensibilidade que permeia toda a humanidade, especialmente evidente no cenário da guerra atual.

No entanto, é crucial reconhecer que Israel é vítima do Hamas tanto quanto o contrário. Em meio a isso, os verdadeiros inocentes, sejam judeus, palestinos ou de qualquer nacionalidade, continuam sendo as principais vítimas. Dada a complexidade do assunto, é prudente evitar declarações categóricas como “Lula errou”, embora se possa ter essa opinião. O cerne da questão não é a discordância em relação a Lula, mas sim a certeza condenatória com a qual ela é expressa. Em tempos de crescente autoritarismo, é fundamental cultivar a ponderação e a compreensão mútua.

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