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Sem estrutura de marketing, inovação ou abertura para parcerias, as concessionárias de Sergipe ignoram o potencial das redes sociais e reforçam o conservadorismo

A resistência das empresas sergipanas em investir em marketing e produção de conteúdo

Por Paulo Marcelo em 19/01/2025 às 15:24:28

Como fotógrafo, pesquisador, produtor de conteúdo e apaixonado pelo universo automotivo, sempre busquei acompanhar as tendências e inovações no mercado. Minha curiosidade me leva a explorar desde os carros mais antigos até os últimos lançamentos das grandes marcas. Porém, ao me deparar com o cenário de criação de conteúdo automotivo em Sergipe, percebo uma realidade desanimadora: a inexistência de um ecossistema que valorize e incentive esse tipo de trabalho no estado.

Há 30 anos, o mercado automotivo sergipano era dominado por marcas tradicionais como Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford. Hoje, o cenário mudou: novas marcas entram no mercado, trazendo inovação e competitividade. No entanto, as concessionárias locais permanecem conservadoras, céticas e desacreditadas quanto ao potencial do marketing digital e da produção de conteúdo para alavancar seus resultados.

Em minhas visitas às concessionárias e conversas com seus representantes, é recorrente ouvir respostas como "está tudo bem, estamos vendendo". Essa mentalidade revela um grande equívoco: enxergar marketing e produção de conteúdo não como investimento, mas como gasto. Mesmo apresentando propostas baseadas em estratégias bem-sucedidas de outros estados, destacando a importância de se conectar com a comunidade local e apoiando nossas ideias com dados e números estratégicos, as empresas insistem em ignorar essas possibilidades.

Pesquisas recentes confirmam o impacto do marketing digital na decisão de compra de veículos. Segundo um estudo do Google em parceria com a Greyshift Auto Shopping Studio, 99% dos consumidores começam suas buscas por um carro novo online, avaliando fabricantes, sites e reviews. Além disso, dados do portal Today apontam que 19% dos compradores foram influenciados por conteúdos online, incluindo influenciadores digitais e vídeos no YouTube. Esses números reforçam a necessidade de uma presença digital estratégica, algo que parece inexistente nas mais de 20 concessionárias de Sergipe.

Essa resistência ao novo é ainda mais frustrante porque o estado não conta com criadores de conteúdo automotivo locais que façam análises técnicas ou reviews de carros. Quando pesquisamos no YouTube sobre determinado modelo, não encontramos representantes sergipanos, mas sim influenciadores de outros estados que já entenderam a importância de se conectar com o público por meio de conteúdo de qualidade.

Outro ponto a se destacar é que o comportamento empresarial em Sergipe não se limita às concessionárias. Muitas empresas locais tratam qualquer ideia inovadora como uma ameaça ou um custo desnecessário. São frequentes as portas fechadas para parcerias ou produções de conteúdo. Departamentos de marketing, quando existem, geralmente não têm autonomia ou visão estratégica. A resposta padrão é sempre a mesma: "vamos analisar e depois entramos em contato". Mas esse contato raramente acontece, deixando claro que não há sequer uma tentativa de explorar novas possibilidades.

Essa mentalidade retrógrada contribuiu para a falência de empresas que outrora foram referências em Aracaju. Assim como marcas globais, como Kodak e Nokia, perderam relevância por não se adaptarem às mudanças, muitas empresas sergipanas estão fadadas ao mesmo destino.

O que observamos é que quem é criativo em Sergipe não fica. E quem decide ficar, frequentemente desiste ou muda de área, cansado de lutar contra um sistema que insiste em não mudar. É como dar murro em ponta de faca.

Como criador de conteúdo, testemunho diariamente essa barreira à inovação. Mas acredito que precisamos continuar insistindo e trazendo à tona essa discussão para tentar transformar a realidade. Afinal, como disse Albert Einstein:
"A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original."

E, para os empresários, vale lembrar as palavras de Jeff Bezos:
"Nos negócios, o que ontem funcionava, hoje é obsoleto. Inovação é a alma da sobrevivência."

É por isso que Sergipe vem sendo conhecido como o cemitério da criatividade. É hora de mudar essa história antes que o estado perca ainda mais talentos e oportunidades.

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