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O Desespero de Emília Corrêa e a armadilha do "Já Ganhou"

O tempo dirá, mas uma coisa é certa: na política, o desespero nunca é um bom conselheiro.

Por Higor Trindade em 10/08/2024 às 16:15:21

Imagem: Repodução IA

Emília Corrêa, uma figura pública que sempre teve um discurso independente e alheio ao bolsonarismo, recentemente surpreendeu a todos ao gravar um vídeo ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. A atitude, que parece ter sido uma tentativa desesperada de se reafirmar como bolsonarista, expôs não apenas uma contradição em sua trajetória, mas também um erro estratégico que pode custar caro em sua carreira política.

Corrêa, conhecida por seu posicionamento independente e crítico, se viu em uma encruzilhada. A pressão de se alinhar com uma base bolsonarista fiel e radical, que ainda mantém significativa força política, provavelmente a levou a uma escolha que, ao invés de consolidar apoio, gerou estranheza e desconfiança tanto entre seus antigos apoiadores quanto entre os bolsonaristas mais fervorosos. O vídeo, que pretendia ser uma reafirmação de sua posição política, acabou sendo visto por muitos como um ato de desespero, uma tentativa forçada de se associar a um grupo com o qual ela nunca esteve verdadeiramente alinhada.

O que Emília talvez não tenha considerado é que, na política, a autenticidade é uma moeda valiosa. Eleitores buscam coerência e, quando percebem que um candidato muda de posição ou se alia a grupos com os quais não tinha afinidade anteriormente, tendem a questionar sua integridade. E no caso dela, a mudança brusca de discurso soou como um sinal de fraqueza e falta de convicção.

Além disso, o clima de "já ganhou" que permeia certos grupos políticos pode ser uma armadilha perigosa. O apoio a Bolsonaro, embora ainda robusto, já não tem a mesma força de outrora. A própria base bolsonarista está dividida e, ao se associar tão fortemente a um líder que já não possui o mesmo apelo popular, Emília corre o risco de afundar junto com ele. Em um cenário político tão volátil como o atual, onde as lealdades mudam rapidamente e os ventos políticos podem virar a qualquer momento, contar com o apoio de um único grupo, especialmente um tão polarizador como o dos bolsonaristas, é uma estratégia arriscada.

A política exige, antes de mais nada, pés no chão. Sonhar é parte fundamental do processo, mas sonhar sem uma estratégia clara de realização é o mesmo que imaginar sem construir. A política não é feita de arroubos, mas de passos calculados. E Emília, ao tentar se reposicionar de maneira tão drástica, pode ter cometido um erro fatal.

Esse episódio serve de alerta para outros políticos que se encontram no mesmo dilema: é preciso ter cuidado com o "já ganhou". A arrogância política, alimentada pelo fanatismo e pela certeza de vitória, é um veneno silencioso que pode destruir carreiras e projetos. Na política, nada está garantido até que as urnas sejam abertas e os votos contados. E mesmo depois disso, o trabalho continua.

Emília Corrêa pode ter tentado garantir uma base de apoio, mas acabou dando um tiro no próprio pé. O que resta saber agora é se ela conseguirá reverter o dano ou se este será o começo do fim de sua trajetória política. O tempo dirá, mas uma coisa é certa: na política, o desespero nunca é um bom conselheiro.

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