O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu prazo de 48 horas para que o ex-presidente Jair Bolsonaro esclareça sua permanĂȘncia na embaixada da Hungria, em BrasĂlia, por dois dias em fevereiro. A estadia ocorreu após ele ter o passaporte apreendido.
A hospedagem de Bolsonaro na embaixada foi revelada na tarde de segunda-feira (25), pelo jornal norte-americano The New York Times. O jornal dos Estados Unidos analisou imagens do circuito de segurança do local e publicou vĂdeos que mostram a entrada e a saĂda do ex-presidente.
As embaixadas são ambientes protegidos, fora do alcance das leis e das autoridades brasileiras. A permanĂȘncia nesses locais, em tese, pode configurar burla à determinação de não se ausentar do paĂs, jĂĄ que o objetivo da medida é exatamente manter o investigado ao alcance das forças de segurança nacionais.
As imagens da câmera de segurança da embaixada mostram que o ex-presidente permaneceu no local de 12 a 14 de fevereiro, acompanhado por seguranças. O embaixador Miklós Halmai também aparece acompanhando Bolsonaro.
A embaixada estava praticamente vazia, mostram as imagens, exceto por alguns diplomatas hĂșngaros que moram no local. Segundo o jornal, os funcionĂĄrios estavam de férias porque a estadia de Bolsonaro foi durante o feriado de carnaval.
Segundo a reportagem, no dia 14 de fevereiro, os diplomatas hĂșngaros contataram os funcionĂĄrios brasileiros, que deveriam retornar ao trabalho no dia seguinte, dando a orientação para que ficassem em casa pelo resto da semana.
Passaporte
O passaporte de Bolsonaro foi apreendido por determinação de Moraes no âmbito da operação Tempus Veritatis, que apura a existĂȘncia de uma trama golpista no alto escalão do governo do ex-presidente.
A reportagem do The New York Times mostra que Bolsonaro entrou na embaixada da Hungria dias depois de sua defesa entregar o passaporte dele à PolĂcia Federal (PF). A defesa de Bolsonaro chegou a pedir a devolução do documento, alegando não haver risco de fuga.
Bolsonaro estĂĄ sujeito também a outras medidas cautelares determinadas por Moraes, como a proibição de se comunicar com os demais investigados, entre outras. Em depoimento à PF, os ex-comandantes do Exército e da AeronĂĄutica colocaram o ex-presidente no centro da trama golpista.
Defesa
A defesa do ex-presidente da RepĂșblica confirmou que ele passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em BrasĂlia "para manter contatos com autoridades do paĂs amigo". Em nota, os advogados de Bolsonaro dizem que ele mantém um bom relacionamento com o premier hĂșngaro, com quem se encontrou recentemente na posse do presidente Javier Milei, em Buenos Aires.
"Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar [hĂșngara], a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inĂșmeras autoridades do paĂs amigo atualizando os cenĂĄrios polĂticos das duas nações. Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prĂĄtica, mais um rol de fake news", diz a defesa de Bolsonaro.
Na tarde de segunda-feira (25), durante um evento do PL em São Paulo, Bolsonaro comentou indiretamente o caso, dizendo que frequenta embaixadas e conversa com chefes de Estado.
"Muitas vezes esses chefes de Estado ligam para mim, para que eu possa prestar informações precisas do que acontece em nosso Brasil. Frequento embaixadas também aqui pelo nosso Brasil, converso com os embaixadores. Não tenho passaporte, estĂĄ detido, senão estaria com o TarcĂsio [Freitas, governador de São Paulo] juntamente com Ronaldo Caiado [governador de GoiĂĄs] nessa viagem a Israel, um paĂs irmão, um paĂs fantĂĄstico em todos os aspectos.
Fonte: AgĂȘncia Brasil
Fonte: https://www.radiomega.fm.br/