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O Futuro do Transporte Público em Aracaju: A Transição da Progresso e os Desafios da Mobilidade

Agora vai?

Por Paulo Marcelo em 04/04/2025 às 15:56:57


Hoje vamos falar de um dos maiores desafios enfrentados pelas capitais brasileiras: a mobilidade urbana. Em Aracaju, mais de 38,15% da população depende diariamente do transporte coletivo — um sistema que, há anos, sofre com sucateamento, atrasos, insegurança e má gestão.

Mas para entender como chegamos até aqui, é preciso olhar para o passado. E poucas empresas representam tão bem essa trajetória quanto a Viação Progresso.
Quem tem mais de 40 anos e é apaixonado por ônibus certamente se lembra da história dessa empresa, fundada por Manuel Monteiro da Silva. Por décadas, ela foi símbolo de um transporte que funcionava, com veículos marcantes como os saudosos Caio e Ciferal. Hoje, no entanto, a Progresso é o retrato do colapso que se instalou no sistema de transporte coletivo da capital sergipana.


A Crise da Progresso e a Luta dos Trabalhadores

O que antes foi sinônimo de eficiência virou sinônimo de descaso. Atualmente, funcionários estão sendo pagos como diaristas, sem garantias trabalhistas, muitos deles sem saber o que será do seu futuro. Fontes indicam que a garagem da empresa está sob arrendamento judicial e há indícios de outras irregularidades trabalhistas graves.
A humanização do trabalho deu lugar à precarização e à incerteza.

A Progresso não é um caso isolado. Empresas como São Pedro, Nossa Senhora de Fátima e Graças também sucumbiram à crise do transporte coletivo. O slogan da Progresso, "Transportando Vidas com Carinho", hoje soa como uma ironia dolorosa, diante da frota sucateada, da insegurança e da ausência de conforto para os passageiros.


Transição ou Repetição? A Chegada da RS Transportes

Com a saída gradual da Progresso, entra em cena a RS Transportes, uma das vencedoras da licitação realizada em 2024. A promessa é renovar o sistema com 80 novos veículos, alguns já em circulação com Wi-Fi, ar-condicionado e idade média de cinco anos e meio. O Consórcio Metropolitano, formado pelas prefeituras de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros, investiu R$ 126 milhões nessa reestruturação.

Mas será que essa mudança vai além da fachada? Será apenas uma nova pintura sobre os velhos problemas?


Benefícios Fiscais e Contradições

Enquanto acumula dívidas trabalhistas e precariza a vida dos seus empregados, a Progresso ainda recebeu benefícios fiscais milionários da Prefeitura de Aracaju. A medida levanta dúvidas sobre a coerência da gestão pública: como justificar incentivos para uma empresa em colapso, que não cumpre o básico com seus trabalhadores?

Mais recentemente, a Progresso voltou a ser notícia por adquirir 10 ônibus seminovos, que serão incorporados à frota da capital. Ônibus usados, descartados por outras cidades, enquanto os motoristas e cobradores seguem sem receber seus direitos.

E não é só a Progresso: a Viação Modelo, que também opera em Aracaju, entregou 10 ônibus seminovos com ar-condicionado — mas que já apresentam falhas técnicas e quebras no meio do trajeto. Um sinal de que o problema não está apenas no nome da empresa, mas no modelo de gestão adotado.


O Futuro da Mobilidade e o Destino dos Trabalhadores

A expectativa é que, até 2025, apenas ônibus com até 12 anos de uso (a combustão) e até 15 anos (elétricos) possam operar em Aracaju. Mas, enquanto isso, trabalhadores da Progresso vivem um limbo: sabe-se que muitos serão realocados, mas não há garantias sobre o pagamento dos seus direitos trabalhistas, nem transparência sobre como se dará essa transição.

É preciso lembrar que todo esse processo de mudança começou ainda na gestão anterior. A atual gestão da prefeita Emília Corrêa dá continuidade às tratativas iniciadas em 2024, mas precisa enfrentar os mesmos desafios estruturais que se arrastam há décadas.


Um Fim de Ciclo com Perguntas Sem Resposta

A verdade é que o transporte público em Aracaju precisa, urgentemente, de mais do que promessas e anúncios. Precisa de gestão eficiente, transparência e respeito às pessoas — tanto aos usuários quanto aos trabalhadores.

A empresa Atalaia, por exemplo, já é considerada modelo dentro do sistema, com a maior quantidade de ônibus novos e seminovos em circulação. Um indicativo de que é possível fazer diferente.

Mas, no meio disso tudo, fica o saudosismo:
Será o fim definitivo da Progresso? Será que ela voltará com outro nome? Quem vai peitar esse desafio de renovar, de verdade, o transporte coletivo em Aracaju?

E mais:Será que agora vai? Ou o transporte público da capital continuará preso no ciclo de promessas não cumpridas?

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