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R$ 1 milhão na festa, R$ 40 mil no salário do prefeito. Vale a pena?

Wesley Safadão em Malhador: Festa para todos ou promoção pessoal?

Por Portal 79 em 21/03/2025 às 12:47:59

Malhador, uma pequena cidade do interior de Sergipe, entrou nos holofotes recentemente por um motivo que divide opiniões: a contratação do cantor Wesley Safadão para um show com custo estimado em R$ 1 milhão aos cofres públicos. Enquanto o prefeito Assisinho defende a iniciativa como uma forma de movimentar a economia e trazer alegria ao povo, parte da população questiona se este é realmente o melhor uso dos recursos públicos.

Com pouco mais de 13 mil habitantes, Malhador enfrenta problemas comuns a municípios pequenos: saúde pública deficiente, estradas esburacadas, desemprego e potencial turístico inexplorado. Em meio a tudo isso, o prefeito recebe um salário mensal de R$ 40 mil, valor quase igual ao do governador do estado, Fábio Mitidieri, que ganha R$ 44 mil.

Neste artigo, vamos analisar os prós e contras do evento, a realidade econômica e social da cidade e os desafios de gestão pública em municípios como Malhador.

A contratação de Wesley Safadão não representa apenas um show; é um investimento milionário com dinheiro público — recurso viabilizado por meio de emendas parlamentares do deputado federal Rodrigo Valadares. O prefeito Assizinho argumenta que o evento vai movimentar a economia local, atrair turistas e colocar Malhador no mapa do entretenimento regional.

A prefeitura estima que o evento trará cerca de 10 mil pessoas, vindas de cidades vizinhas. Com isso, bares, restaurantes e pequenos comércios devem experimentar um aumento temporário nas vendas. No entanto, especialistas alertam que os impactos econômicos de eventos pontuais são efêmeros.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, em cidades pequenas, o aquecimento econômico gerado por grandes shows dura poucos dias e raramente deixa legado permanente. Sem continuidade em políticas públicas de


Em 2022, Itabaiana (SE) investiu R$ 800 mil em um festival que valorizou artistas locais. O evento movimentou R$ 2 milhões na economia e fortaleceu a cultura regional. Já em Malhador, o investimento em uma estrela nacional pode ofuscar as expressões culturais da própria cidade, sem garantir retorno proporcional.

Enquanto os holofotes se voltam para o palco, outras questões essenciais ficam em segundo plano.

A rede pública de saúde de Malhador sofre com falta de médicos, psicólogos, estrutura e medicamentos. Muitos moradores precisam se deslocar a cidades próximas em busca de atendimento digno — uma situação que escancara o descaso com a saúde básica.


As estradas esburacadas e mal sinalizadas dificultam o transporte, o acesso à cidade e o escoamento da produção agrícola. Em dias de chuva, a situação piora. A ausência de investimentos em saneamento básico também compromete diretamente a qualidade de vida da população.


A economia de Malhador gira em torno da agricultura familiar e do pequeno comércio, setores que sofrem com a falta de incentivo. Sem políticas de geração de emprego e capacitação profissional, muitos jovens acabam migrando em busca de melhores oportunidades.

Com belas paisagens, cultura rica e um povo acolhedor, Malhador tem um potencial turístico praticamente intocado. A ausência de infraestrutura e de políticas públicas voltadas ao setor impede que o município avance nesse campo — que poderia, inclusive, ser um caminho para o desenvolvimento sustentável.

O salário do prefeito Assisinho, fixado em R$ 40 mil mensais, tem causado espanto entre os moradores. É quase o mesmo que recebe o governador de Sergipe — que, por sua vez, administra todo um estado.


Em comparação, o prefeito da capital, Aracaju, recebe R$ 35 mil. Isso levanta questionamentos: por que um gestor de um pequeno município ganha mais do que o chefe do Executivo de uma capital?

Essa discrepância salarial se torna ainda mais grave quando somada aos desafios básicos não resolvidos no município.


Especialistas em administração pública defendem que salários devem estar alinhados aos resultados. A população precisa enxergar retorno em forma de políticas públicas eficientes, infraestrutura, qualidade de vida — e não apenas em festas.

Enquanto Wesley Safadão leva R$ 1 milhão, os artistas locais seguem invisibilizados. Não há editais, incentivos ou palcos consistentes para que mostrem seu talento. A cultura da cidade é deixada de lado em favor de atrações midiáticas.


Cidades como São João del-Rei (MG) e Pirenópolis (GO) transformaram sua economia e identidade ao apostarem em festivais com foco em artistas da terra. Essas cidades hoje vivem do turismo cultural, que gera renda e preserva a identidade local.


Caminhos possíveis para Malhador

  • Criar um fundo municipal de cultura, com editais regulares;
  • Promover festivais temáticos com foco em talentos locais;
  • Firmar parcerias com escolas e universidades para formação artística;
  • Estimular a criação de espaços culturais e centros de convivência.


A pergunta que ecoa nas ruas de Malhador é: essa festa é realmente para o povo ou para promover o prefeito?

Não são raros os casos em que gestores usam grandes eventos como vitrines políticas. Camarotes cheios, fotos ao lado de artistas e postagens nas redes sociais criam a narrativa de um gestor popular, mesmo quando as demandas mais básicas da população estão sendo ignoradas.


Eventos como esse acabam funcionando como ferramentas de marketing político, com grande retorno de imagem e engajamento online — ainda que, na prática, não resolvam os problemas estruturais da cidade.



Maria, 58 anos, dona de casa:
"É bom ter uma festa, claro. Mas não adianta dançar um dia e chorar o resto do ano por falta de médico e remédio."

João, 27 anos, músico local:
"Temos muitos artistas aqui que nunca receberam um centavo da prefeitura. É triste ver tanto dinheiro indo pra fora."

Luciana, professora:
"A educação está esquecida. Que tal investir em bibliotecas, cursos técnicos ou transporte escolar decente?"

Especialista em gestão pública:
"Não se trata de ser contra festas. Mas sim de equilibrar os gastos e garantir que o povo seja o real beneficiado, e não apenas os políticos."



A festa com Wesley Safadão, sem dúvida, vai atrair público, gerar expectativa e proporcionar alegria por uma noite. Mas a pergunta que fica é: e no dia seguinte? A cidade continuará com os mesmos problemas.

Se quisermos ver Malhador crescendo de verdade, o investimento precisa ir além do palco. O verdadeiro espetáculo deve acontecer nos postos de saúde funcionando, nas escolas bem equipadas, nos jovens tendo onde trabalhar — e nos artistas locais sendo valorizados.

A cidade precisa de planejamento, escuta e políticas públicas duradouras. Porque o povo merece mais do que um dia de festa: merece qualidade de vida todos os dias.


E você, o que acha?

A contratação de Wesley Safadão é um investimento justo ou um desperdício de dinheiro público?
Comente abaixo e faça sua voz ecoar. Afinal, a cidade é de todos nós.

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